“Há algum tempo atrás, escutei uma música. Não me lembro direito como começava, muito menos quem a cantava. O que mais me chamara a atenção fora o refrão, e é dele que me lembro perfeitamente. A frase que mais me marcou é mais ou menos assim, “o tempo não para”, lembro-me que após escutá-la, por muito tempo não saiu de minha mente. Afinal, estava certa -o tempo não para; o tempo não espera ninguém. E com ele, vem as mudanças, das quais eu não gosto nem um pouco. A ideia de ter que conviver com elas nunca me agradou, perder coisas sempre me assustou muito, e vê-las partir, sempre me causou uma dor descomunal. Principalmente pessoas, mesmo essas não sendo “minhas”, quando as perdia, eu sofria, e sofria muito. Nunca entendi a razão de nossa vida ser cheia, na verdade, repleta de mudanças. Por causa de tais perdi pessoas, e delas só restaram lembranças, essas que geralmente vinham me assombrar em todos os momentos dos meus dias. Com elas, a tristeza por não ter sido diferente. Lembranças tristes que me arrastavam e me jogavam no fundo do poço, e sem forças para me reerguer, deixava com que essa tristeza me consumisse por inteiro, e me deparava com lágrimas que escorriam de meus olhos. Por tantas vezes me olhei no espelho e não me reconheci. De fato o tempo e essas tais mudanças me tornaram uma pessoa diferente. Eu, que era tão feliz, me encontrava cabisbaixo e perdido. O tempo não espera ninguém se adaptar às mudanças -assim que você se acostuma a uma, logo vem outra, e terá que se acostumar outra vez. Muda as coisas de lugar, muda pessoas. Mas ainda bem que ele muda também pensamentos. Uma vez, um mestre disse-me “…se uma porta se fecha, espera, outra haverá de se abrir. Um “não” pode ser porque um “sim” virá a ser dito o “sim” que te é reservado e esse sim é o que te fará feliz…”. Certo estava ele, eu tive de abrir meu coração à coisas novas, à novas pessoas para perceber que o que era meu está a caminho, e vai ser bem melhor do que eu imagino, e será assim, tão quanto o que sempre me dispus a me doar. Foi aí que eu percebi que devo me acostumar com essas constantes mudanças, afinal, elas não são tão ruins assim. Conviver com elas é necessário, nos torna mais fortes e confiantes. Aprendi a sorrir novamente. O sol, a cada manhã estava ali para me aquecer, não havia porque me deixar contagiar por tristezas. Saudades do que já se foi, sempre dá, mas a gente tem que seguir em frente e guardar esse tempo bom num lugarzinho muito especial. Bem no fundo do peito. Percebi que devo lutar e agradecer pelos ensinamentos que cada ferida nos dá. O tempo não para, e eu tenho que caminhar com ele. “Mas se você acha que eu estou derrotado, saiba que ainda estão rolando os dados, porque o tempo, o tempo não para.” Hoje eu sei a música de cor, do início ao fim. E a vida está melhor, eu aceitei os planos que foram reservados para mim.”
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